TIMIDEZ – esse mal tem cura!

O cinema, o teatro, as novelas, os livros em geral utilizam-se de uma figura que, nos dias atuais, parece cada vez mais em moda: o tímido. Ele é aquele que não consegue abordar adequadamente uma menina, ou treme diante do chefe grosseiro, ou se atrapalha quando deve freqüentar lugares muito cheios... A apresentação dessa figura pelos meios de comunicação de massa sempre lhe atribui algo de coitadinha, fraquinha, sem condições de superar um mal que para si e para a sociedade reveste-se de uma capa de medo diante  do poder constituído, mas quando se traz a discussão do tema a nível mais objetivo e vai se buscar a causa da timidez, percebe-se que o assunto não é tão simples como parece e que tem cura rápida, eficaz e razoavelmente fácil. Basta que o tímido aceite ser auxiliado.

“A timidez é um comportamento”, diz a Dra. Susan Leibig Martins, do Susan Leibig Institute, que dá cursos para a mudança de comportamentos que diminuem a produtividade e a qualidade de vida das pessoas e como tal pode ser mudado.”

As causas da timidez

Na verdade – prossegue a Dra. Susan – a timidez é um processo inibitório, é uma inibição numa estratégia de ação. Acontece como? Porque, em algum momento, quando a estratégia de ação estava sendo utilizada, houve uma falha técnica. Ou no meio ambiente, ou nos passos da estratégia, e o resultado que a pessoa obteve não condisse com o resultado que ela esperava. Daí, ela compara o resultado obtido com o hipotético e verifica um fato. Então, se ela for uma pessoa de organização lógica autoritária, na comparação dos dois eventos, ela vai acoplar um passo além da comparação e vai classificar. Vai estabelecer, então, que o objetivo almejado era superior ao alcançado, que é inferior. E por ser inferior, ela traz aquilo a nível pessoal e se sente inferior, se sente diminuída. Essa sensação de inferioridade, de diminuição, toma capa no tímido de sensação de incapacidade, de impotência.

Segundo a Dra. Susan Martins, diante dessa capa de incapacidade, o tímido – na próxima vez que for tentar a mesma estratégia – vai lembrar-se da vez anterior, em que se sentiu diminuído. Vai, então duvidar da sua possibilidade de atingir sucesso desta vez, também. E se desta segunda vez ele também não conseguir o resultado almejado, estará provando para si mesmo que não é capaz. Assim fica instalada a crença da incapacidade, que vai sendo realimentada todas as vezes que aquela estratégia for solicitada ao nosso arquivo mental.

 “Aqui – abre um parênteses a Dra. Susan – convém sairmos um pouco da explicação da timidez para abordarmos genericamente a questão da vontade. A nossa mente é algo etéreo, não palpável, que ativa nossos neurônios, que funcionam como arquivos. Esses neurônios formam conjuntos de 30 a 50 mil, e cada um desses conjuntos leva o nome circuito neuronal. Um circuito neuronal é um pequeno processo lógico de operação mental. Um circuito neuronal é uma microconsciência. Ele tem a forma dele de pensar, sua própria personalidade, seus próprios critérios de avaliação da realidade. E a gente pode ter um circuito neuronal que pensa exatamente o oposto do outro. É assim que surgem, em nós, as chamadas polaridades, que em filosofia, são tratadas como paradoxos. Na realidade, as polaridades nada mais são do que circuitos neuronais com formas opostas de ver a realidade.”

Aí, eu pergunto: quem decide, em nós, qual dos dois tem razão?

A Dra. Susan responde: “A nossa vontade. Ela é, também, etérea e os circuitos neuronais são como braços, pernas, é através dele que ela se manifesta no meio ambiente. Mas se eles estão formatados com uma estratégia inadequada ou pouco produtiva, a nossa vontade não tem outra saída senão agir através daqueles circuitos neuronais.

Dando um exemplo prático: a minha vontade decide comprar um carro novo. Ajunta dinheiro um tempo e aí diz aos circuitos neuronais que vai comprar um carro novo. Então, o circuito neuronal que cuida de carros – arquiva tudo que eu já vi na minha vida em carros, o carro da minha mãe, o da minha avó, o do meu pai, os das lojas que eu conheço – e pipoca na minha mente a imagem de um carro conversível vermelho. A minha vontade se entusiasma. Mas aí um outro circuito neuronal conservador meu, que talvez nem cuide de carros, cuide de outra coisa, manifesta-se e me diz: Imagine, você tem que comprar um carro preto, discreto, que vai dar às pessoas a imagem de que você é séria, sóbria. Carro vermelho é horrível. E o outro vem e diz: Você não entende nada disso. Vermelho é que é bonito. A minha  vontade fica num ping-pong. Se ela for insegura, não souber tomar decisões, vai acabar comprando o primeiro que aparecer e fatalmente vai se arrepender porque a primeira vez que furar um pneu, por exemplo, o circuito neuronal que pensava oposto vai pipocar na mente e dizer: Viu, não falei para comprar aquele outro?

Agora, se for uma vontade segura, ela vai comprar aquele que ela quer e vai aguentar as conseqüências.”

De volta, a timidez

Voltando ao assunto chave de nossa matéria...

“Em outras palavras – retorna a Dra. Susan – nossa consciência é como uma população inteira em nossa cabeça. Eles agem conforme uma operação que pode ser voluntária ou involuntária. Voluntária é quando sua vontade os requisita; involuntária, é quando vêm sem ser chamados. Por exemplo, você vem andando na rua e uma pessoa literalmente pisa no seu dedão. Imediatamente, sobe aquela raiva. Isso é involuntário. Por mais que um circuito neuronal diga calma, foi sem querer, o outro diz calma nada, ela devia olhar por onde anda.

Dito isso, podemos voltar à timidez. Todos nós temos circuitos neuronais de timidez, aqueles que têm medo do desconhecido – porque o tímido nada mais é do que aquele que teme o desconhecido, teme sofrer, teme não agüentar as conseqüências de sua atitude - , e aqueles que são decididos, desinibidos. Os tímidos são os que de alguma forma não tiveram sucesso ou então aqueles que souberam elaborar o fracasso. Aqueles que quando fracassaram olharam aquilo como uma forma de crescimento. Então, a pessoa  que é corajosa, desinibida, os circuitos delas pegam na mão dos que são tímidos e diz: Vamos lá, força, coragem. E eles vão reclamando: Ai, não faz isso comigo, pelo amor de Deus... Mas ela vai. Já o tímido não vai.”

Segundo a Dra. Susan Martins, o tímido não vai por uma série de razões, mas a principal delas é a sua organização lógica mental ser de uma pessoa autoritária: “Atualmente – prossegue – 99,9% da população mundial tem organização autoritária. E o tímido é a pessoa que tem esse tipo de lógica...”

A Dra. Susan explica o processo muito bem: a lógica autoritária parte do pressuposto de que as pessoas são desiguais. Umas são mais importantes do que as outras. Ela julga o tempo todo: isto é bom, isto é mal; isto é certo, isto é errado... E o que é bom, o que é certo é superior, o resto é inferior. É claro que o autoritário se julga superior e julga que existem pessoas que lhe são inferiores. Quando ele usa uma estratégia, mentaliza um resultado, e esse resultado almejado não é igual ao obtido na prática, ele se sente inferiorizado e a coisa que todo autoritário mais detesta é se sentir inferiorizado. Então,  com as sucessivas tentativas sem a obtenção do resultado almejado, ele pára de tentar para não se sentir inferiorizado.

“É importante que se diga que por tudo isso é possível para o tímido reprogramar sua lógica e passar a não se desenvolver mais manifestações de inibição, mudar seu comportamento. Para isso, basta que ele deixe de ver seu interlocutor, no caso, como um gigante de 4 metros e se sentir um anãozinho de 0,5 metros. No fundo, o que ocorre é isso. Porém, essa reprogramação deve ser bem orientada, para que  ele não passe a se julgar esse gigante, julgando-se superior, pois isso poderá trazer-lhe sérias consequências. Na verdade, em nossos cursos no Instituto, procuramos desenvolver na pessoa a autoconfiança, porque a autoconfiança não tem referencial externo. Quando eu sou autoconfiante, tenho uma posição minha comigo mesma . Quando eu sou superior, eu tenho de me comparar com alguém. É aí que se manifesta a timidez, pois quando meu circuito neuronal se sente incapaz, a leitura dele – na lógica autoritária – é de inferioridade. Daí entra o mecanismo de ansiedade.”

Ansiedade e vergonha

A Dra. Susan abre um novo parágrafo, agora, para falar de outras características do tímido: a ansiedade, a vergonha e o perfeccionismo.

“Assim, qual é a manifestação do tímido quando ele se vê diante do objeto da timidez? A ansiedade. Ele olha para o objeto, sente o coração bater mais forte, as mãos começam a suar, sente-se irritado porque, num primeiro momento ele quer resolver logo aquela situação. Vamos citar o exemplo do medo de barata. Eu tenho medo de barata, por exemplo. Então quando eu vejo uma, a primeira reação é gritar. Eu supervalorizo o risco – é claro que existem pessoas que não avaliam o risco à sua altura, o que também é um tipo de ansiedade e assim por vezes, acabam arriscando até a vida. Mas no caso do medo de barata, eu grito, pego o que encontrar na frente para jogar nela, faço um escândalo. Daí, a próxima reação é ter irritação. Eu me irrito com a barata e comigo, porque como eu posso ficar daquele jeito por causa de uma baratinha? Passada essa fase, vem a vergonha; Meu Deus, eu não tive coragem de pisar nela, quebrei o vaso de minha mãe, o que os outros vão pensar... Tudo isso, são características do tímido, porque na sua lógica autoritária., a alternativa que o tímido tem para sair dessa situação é ser perfeccionista. Todo tímido é perfeccionista – porque quem é perfeito, quem faz tudo com perfeição é superior.

E devemos englobar aqui, ainda, que uma grande parte dos tímidos não procura ajuda porque, como perfeccionista, ele é dono da verdade e por isso mesmo acha que se ele não conseguiu resolver a situação, ninguém irá ajudá-lo. Ele simplesmente fecha o seu banco de dados e passa a creditar que o seu banco de dados é a verdade. O que extrapola daquilo é bobagem, é besteira, não interessa. Ele invalida. Se ele, sozinho, não consegue. É claro que existem tímidos que ainda procuram ajuda. Por isso é importante que se diga: como comportamento, a timidez é possível de ser reprogramada, através da neurolingüística, e é possível eliminá-la, até. Assim como vários outros comportamentos que tornam a pessoa infeliz. Procure ajuda, tímido. A timidez não é o bicho-de- sete-cabeças que você imagina.” 

Programado para ser feliz

A Dra. Susan L. Martins dirige o Susan Leibig Institute ( Rua Sergipe, 401, fone 3258-9465), que tem por objetivo trabalhar com o aumento da produtividade e melhoria da qualidade de vida do ser humano. Através de cursos ministrados por ela, são apresentadas soluções eficazes para que as pessoas se livrem de certos comportamentos que as impedem de terem o modelo de vida que gostariam de ter.

“O que fazemos aqui - enfatiza ela – não é terapia. Eu sou consultora e por analisar  o comportamento das pessoas e ver como sofrem com determinados temas, decidi dar a pessoas físicas a mesma consultoria que dava a pessoas jurídicas. Apenas isso.”

Assim, seus cursos não são “tratamentos” prolongados. São sempre cursos de duas noites, ou dois dias, um final de semana, coisas assim. Dentre os temas abordados, estão a preguiça, a sedução (indicados, segundo ela, para pessoas que querem ter  a capacidade de influenciar os outros através da comunicação), medos , complexos e fobias, a criatividade, o ciúme, a inveja e a desconfiança...

“Um curso muito interessante que temos é o de auto-estima, para aquelas pessoas que têm dificuldades em se amar e em dar importância a si mesmas. São pessoas que normalmente se devotam a terceiros. Por exemplo, instituições, maridos, filhos... Então, ela faz tudo para todo mundo, mas para ela não faz nada, porque ela não merece. O objetivo de vida dela é fazer a outra pessoa feliz.”

Outro curso que é muito procurado no IEH é para pessoas distraídas, esquecidas e que chegam atrasadas compulsoriamente: “Essa é uma outra estrutura da mente”, revela a Dra. Susan.

“Quando existe uma polaridade, existe uma parte da consciência que quer fazer aquilo e que acha que deve fazer, mas existe uma outra parte que não quer fazer de jeito nenhum.

Essa parte boicota a outra. Então, ela faz a pessoa se esquecer, chegar atrasada... É uma maneira daquela parte demonstrar a sua insatisfação com a situação. Tratamos então no curso de ensinar como trabalhar isso, como reprogramar para conseguir lidar com essas situações.”

Há também o curso para pessoas que têm manias, os compulsivos, mania de limpeza, mania de falar demais... Cursos para pessoas que têm dificuldades de tomar decisões, curso de magnetismo pessoal, e inclusive mensalmente o IEH dá duas palestras gratuita: “Como encontrar a outra metade” e “Como organizar a mente para prosperar na vida”.

Fonte: Jornal Século 21; 02/1993; pág.06-07

 
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