Só é Tímido Quem Quer

 

Enrubescimento da face, insegurança, dificuldade para conversar, ansiedade, gagueira, nervosismo, tremores... Estes são alguns dos sintomas que afligem pessoas que sofrem com a timidez, e que costumam se tornar verdadeiros obstáculos em alguns momentos da vida. A boa notícia é que o problema pode ser superado com um pouco de técnica e muita persistência.

“Todas as pessoas são, de alguma forma, mais ou menos tímidas. A timidez não é um bloqueio que pega todo sistema, ela atua por departamento. Por exemplo, algumas pessoas são tímidas só para falar com um grupo, outras não conseguem manter um diálogo com uma única pessoa”, explica a terapeuta e especialista em Neuroprogramação, Susan Leibig, que estuda o assunto há mais de 20 anos.

Mas a pessoa já nasce tímida ou se torna tímida no decorrer da vida? Susan informa que pode ocorrer das duas formas. “A estrutura da timidez é formada juntamente com a auto-estima do indivíduo e sua estrutura de valores”, acrescenta. Uma criança filha de pais tímidos invariavelmente será tímida. “Entretanto, há pais que buscam ajuda de terapeutas achando que o filho é tímido demais. Mas o que acontece é que o temperamento da criança não corresponde às expectativas dos pais, que passam a repreendê-la, e ela acaba se fechando para o mundo. Isso nada mais é do que uma fuga do filho”, admite.

A auto-estima, ensina Susan, tem cinco pilares básicos: poder, prestígio, segurança, afetividade e liberdade. A  timidez busca suporte  nestes pilares, porém, está mais diretamente relacionada à estrutura da segurança. “A insegurança gera impotência.”

Uma pessoa insegura e com carências de poder tende a desenvolver uma personalidade perfeccionista. “Assim, ela compensa a insegurança e a impotência. Visa a perfeição em tudo, transforma a vida num grande ritual, e procura fazer suas tarefas cada vez melhor”, informa Susan. “Ou seja, para que este tímido se sinta seguro e poderoso ele se torna um grande especialista. Porém, se este perfeccionista se comparar com outros e se nivelar por baixo, se sentirá impotente da mesma forma. Então, essa pessoa entra numa espiral complexa”, pondera a especialista.

 Desejos reprimidos

Na verdade, comenta Susan, a timidez nada mais é do que a inibição de uma estratégia de ação. “Essa é a raiz do problema. O indivíduo se inibe para não fazer feio.” Pensamento compartilhado por Barbara Schott e Klaus Birker em “Como Superar a Timidez”( Editora Cultrix). Segundo eles, os tímidos se comportam como se estivessem amarrados aos seus programas interiores. “Algo inexplicável, uma força inconsciente parece impedir que expressem seus desejos, manifestem suas exigências ou convençam os outros a fim de ganhá-las para o seu lado”, definem.

Ainda de acordo com o livro, os tímidos se comportam sempre com discrição, têm uma postura de quem quer “desaparecer”, vestem-se freqüentemente com trajes discretos, sóbrios. Além disso, são pessoas que costumam deixar-se convencer a fazer o que, no fundo, não desejam. “As pessoas tímidas têm problemas em exteriorizar seus desejos.”

Susan acrescenta que o medo também é uma forma de timidez. “O tímido tem uma grande dificuldade de lidar com o desconhecido, uma vez que este não foi planejado e, aparentemente, é incontrolável. Quando existe a possibilidade de contato com uma realidade desconhecida, há o desencadeamento do medo que, por sua vez, aumenta a ansiedade”, destaca.

E o extremo deste processo culmina na síndrome do pânico, nas fobias. Afirmação confirmada em “Morrendo de Vergonha”, um livro escrito pelas psicólogas Barbara G. Markway, Cheryl N. Carmin C. Alec Pollard e Teresa Flynn. Elas definem a fobia social como um distúrbio caracterizado por um medo persistente de críticas ou de rejeição pelos outros. “As pessoas com fobias sociais temem que elas possam se comportar de uma maneira que seria embaraçosa ou humilhante.”

No entanto, os tímidos não devem apavorar-se. Não é tão comum que um estado de timidez evolua para um quadro grave de fobia. “Pode acontecer se a pessoa não procurar ajuda. Timidez tem cura, basta ter determinação para superar este padrão comportamental”, tranqüiliza a especialista.

Susan Leibig, que desenvolve um trabalho com base na Programação Neurolingüística (PNL), ressalta que os resultados de um acompanhamento deste tipo podem surpreender. “Há casos em que a barreira da timidez é superada em cursos de apenas dois dias, totalizando 12 horas de terapia. A pessoa pode ter 80 anos, mas, com certeza, vai conseguir se reestruturar inteiramente.”

 (C. C./ AE )

 Fonte: Jornal da Cidade – Bauru; 25/4/99

 Dicas de leitura

“Como superar a Timidez”- Ed. Cultrix.

“Morrendo de Vergonha”- Ed. Summus Editorial.

“Auto-estima – Como aprender a Gostar de Si Mesmo”- Ed. Saraiva.

“Sem Medo de Vencer”- Ed. Gente.

“A Revolução dos Campeões”- Ed. Gente.

“A Arte da Conversa e do Convívio”- Ed. Saraiva.

 Timidez e Fobia Social

 As pessoas que sofrem de fobia social pensam simplesmente que são extremamente tímidas e que é assim sua forma de ser, que não se pode fazer nada para evitar.

Isto é um erro! A fobia social é um transtorno bastante comum e se pode curar com tratamento adequado.

A fobia social, ou também ansiedade social, é o terceiro maior problema de saúde mental no mundo. Afeta em maior grau aos homens que às mulheres e padecem dela 13% da população. E é um problema grave pois compromete o trabalho, o estudo, o lazer, os cuidados pessoais (compras, saúde) e os relacionamentos.

O início da fobia social não é percebido pelo paciente. E as demais pessoas passam a aceitá-lo apenas como uma pessoa diferente. Mas se trata de um transtorno real e muita coisa pode ser feita para ajudar. A fobia social não melhora sozinha. Apenas piora porque muitas vezes o paciente descobre que o álcool ou a eliminação dos contatos diminui a ansiedade. O tratamento é simples e eficaz. Há uma vida maravilhosa lá fora para ser desfrutada e vale a pena mudar.

A fobia social se classifica entre os transtornos de ansiedade. Uma das características desses transtornos “irmãos” é que embora sejam distintos e possam ser identificados e distinguidos corretamente por um profissional os pacientes sempre apresentam em graus menores ou em determinadas épocas sintomas e ocorrências dos demais transtornos do grupo. E desses transtornos de ansiedade o transtorno da fobia social é o que mais representa ocorrências dos demais.

É muito útil para o paciente ter conhecimento e ler relatos de casos reais de todos os transtornos desse grupo. Pode-se procurar pelas seguintes palavras em listas de livros ou sites de busca: fobia social, ansiedade social, timidez, habilidades interpessoais, terapia cognitivo-comportamental, ansiedade, transtorno do pânico, agorafobia e transtorno obsessivo-compulsivo.

 Tratamento

 O tratamento consiste na combinação de três procedimentos: tratamento farmacológico (remédios), terapia cognitivo comportamental e técnicas de relaxamento. O mais importante é a terapia. Apenas relaxamento não vai curar a fobia social. Nem usar medicamentos sem a terapia o que pode até ser perigoso. Enquanto que alguns casos a terapia sozinha consegue dar resultados. Ninguém se cura totalmente (até pessoas normais possuem pequenos graus de ansiedade em situações sociais) mas melhora grandemente podendo levar uma vida mais produtiva e ser mais feliz.

O uso de remédios é muito útil porque geralmente as pessoas que procuram tratamento já estão num estágio avançado do problema. Mas o paciente deve ser alertado sobre o uso dos remédios. Eles tem efeitos colaterais e muitos na primeira semana em vez de melhorar intensificam os sintomas da fobia social levando a pessoa a abandonar o tratamento. Com algumas semanas já se nota mudanças mas o tratamento deve continuar por um longo tempo.

A terapia cognitivo-comportamental é a combinação de duas terapias distintas. A terapia cognitiva é o trabalho em cima dos pensamentos.

Entender porque e como surgem os pensamentos irracionais e transformá-los. A terapia comportamental se refere a entender o comportamento e treinar habilidades. A terapia depende bastante do paciente pois tem muita “tarefa de casa”. E também pode ser aprendida por outras pessoas que querem ajudar.

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