O futuro será do homem participativo

A Dra. Susan Leibig, que tem uma larga experiência em Neuroprogramação, fala da evolução do conceito de família e da transformação nos papéis do homem e da mulher, assim como da responsabilidade perante os filhos.

Inegavelmente vivemos em outro mundo, há uma nova realidade, com novos valores,  que mudaram toda dinâmica das relações humanas. A sociedade moderna exige um novo homem e uma nova mulher; todos precisam estar preparados para esses novos tempos, sob pena de pagarem um alto preço pelo anacronismo.

Na atualidade, em que a busca de caminhos tornou-se um imperativo, o surgimento de novas ferramentas para auxiliar as pessoas, em face das situações de crise, representa a abertura de um novo horizonte, uma nova era.  Nesse contexto, desempenha um papel preponderante Neuroprogramação, que estuda a produtividade no ser humano, entendendo-se esta como a capacidade do indivíduo manter-se, de forma constante, em estado de excelência pessoal, produzindo para si o máximo em qualidade de vida, ou seja, conhecimento, saúde, bem-estar, auto-realização, sucesso, prosperidade e felicidade, numa interação grupal harmoniosa.

“Neuroprogramação – explica a consultora Susan Leibig – organiza o processo lógico do indivíduo, estimulando o desenvolvimento de sua auto-estima e sua autoconfiança, tornando-o capaz de liderar a si mesmo e ao meio ambiente. Esse é o processo.”

Susan Leibig é especialista em Programação Neurolingüística, Física Quântica, Lógica e Ética. Ela desenvolve suas atividades no Susan Leibig Institute, na rua Sergipe, 401, conjunto 1311, Higienópolis, São Paulo, SP, CEP 01243-906, Tel/Fax: (11) 3258-9465.

S21 – Como entender, em poucas palavras, os novos tempos em que vivemos?

Susan Leibig – Estamos entrando na Era de Aquário. Acredito que isso também esteja influenciando energeticamente a mudança na forma de pensar. A casa de Aquário, astrologicamente falando, é uma casa onde a pessoa é um tanto Yin quanto Yang. Se analisarmos com base nos conceitos da medicina chinesa, diríamos que a casa de Aquário tem tanto energia feminina quanto masculina, e ela sabe usar as duas energias; então, a pessoa é capaz de fazer tanto um papel mais ativo, proativo, quanto o papel de ficar mais receptivo, cuidando de algum núcleo.

S21 – Como isso influencia as relações humanas?

Susan  - Eu diria que está havendo uma mudança de papéis, uma redivisão de papéis e tarefas na relação homem e mulher, principalmente na família, no casamento. Vamos entender como aconteceu. Depois da Segunda Guerra Mundial as mulheres foram de vez para o mercado de trabalho nos EUA. Esse processo começou durante a guerra, para onde os homens foram lutar, então as mulheres tiveram que ir para as fábricas. Quando a guerra acabou, as mulheres não quiseram voltar para casa, a grande maioria manteve os seus empregos; acrescente-se que os homens voltavam para casa com os problemas de guerra. Aí, até que eles conseguissem emprego, as mulheres passaram a ser o esteio da casa. As escolas norte-americanas são organizadas, desde essa época, para que as crianças fiquem o dia inteiro, exatamente para atender a esse tipo de estrutura social. Conseqüentemente, como a mulher sai de casa e vai trabalhar, ela tem menos horas para dedicar à casa. Não podemos ignorar  que, lá nos EUA, não existem empregadas domésticas. Então, já havia uma divisão de tarefas, pequena, embora a mulher tivesse a carga maior, já havia aquela  cultura de o casal fazer as coisas juntos, como se pode observar nos filmes, com o homem cortando a grama do jardim, fazendo consertos na casa, levando o lixo para a lixeira, enfim, ajudando a mulher em certas coisas.

S21 – Como isso repercutiu no Brasil?

Susan – Bem, aqui é que “a porca torce o rabo”. Nós tínhamos uma outra estrutura social. Com exceção da classe pobre, em que as pessoas nunca tiveram empregada doméstica, nas classes média, média alta e rica, existia toda uma condição de conforto, em que as mulheres ficavam em casa, comandando uma ou mais empregadas, enquanto o marido ia trabalhar. O salário dele dava para pagar todas as contas. Havia uma divisão de responsabilidade muito bem definida, pois em nossa sociedade o conceito de família se estrutura sobre uma base que homem é proativo, no sentido de buscar dinheiro para manter o lar, enquanto a mulher cuidava do lar e dos filhos. Então, dois fatores confluíram. Por um lado, sempre copiamos as coisas dos EUA, especialmente depois da guerra, antes se copiava da França; por outro lado, as contingências econômicas, como a inflação, a carestia e o desemprego, tudo contribuiu para a mulher tender a dividir as responsabilidades financeiras com o homem. Sem esquecer as novas exigências de consumo, coisa que antes ocorria numa escala menor.

S21 – O brasileiro é um dos povos mais consumistas...

Susan - ...é, é mesmo. Nós copiamos tudo dos norte-americanos. É só olhar em volta. Todo mundo quer uma TV cada vez maior,  um microondas mais sofisticado, videocassete estéreo, microcomputador, telefone celular e milhares de coisas supérfluas. As pessoas poderiam viver bem sem muitas dessas coisas, mas o vizinho tem... ele não pode ficar para trás, o parente tem, o pai de não sei quem tem. Sabe, os filhos ficam com vergonha se você não tem. Aqui no Brasil as pessoas se movem muito em torno dessa coisa de ter prestígio, status...bem,  esse já é um problema mais antigo, que vem desde a época em que a Corte Portuguesa veio para o Brasil. Vem dessa época, também, a questão das amizades e o poder das influências.

S21 – Como você vê o casamento nesta nova sociedade brasileira?

Susan – Estamos num mundo moderno, mas podemos ver por aí uma defasagem de 50 a 70 anos na transmissão da educação. Os meninos e meninas vivem a modernidade, mas os pais têm na cabeça o processo educacional de várias décadas atrás. Eles tentam criar os filhos do jeito que eles foram criados. Então, as mocinhas ainda são criadas para casar, muitas ainda são presas em casa; enquanto os meninos são soltos por aí, suas mães ainda dizem para as mães das meninas: “segurem as suas filhas...” Psicologicamente, essas moças são educadas para serem como as mulheres de antigamente, para ter um marido maravilhoso, que vai realizar todos os seus sonhos. Os meninos se tornam homens sem o perfil daqueles de antigamente, os homens provedores. O homem de agora manifesta uma tendência ao egocentrismo, uma busca insana por prestígio, quer ser charmoso, bonitão...daí o culto ao corpo, à imagem. E ele, no casamento, quer ser cuidado pela esposa, quer que ela substitua a sua mãe. Então, o que acontece dentro do casamento? Ele trabalha o dia inteiro, a mulher também, os dois fora de casa. Quando voltam para casa, ambos cansados, a mulher vai enfrentar outra jornada, vai cuidar das coisas do lar, dos filhos...e se ela diz ao marido que ele precisa ajudá-la naquelas tarefas, começa o “quebra-pau”, porque ele diz que é “o homem e aquilo é coisa de mulher”, enquanto ela diz que também trabalhou e está cansada, que eles precisam dividir as tarefas do lar. Eu acho que a dificuldade está aí.

S21 – E com relação ao pai participativo?

Susan – Essa é a boa influência européia. Lá o homem é bastante participativo, vem dos costumes europeus, pois lá também há empregadas domésticas. A imigração trouxe essa consciência para cá. Por uma questão de preconceito, dizem que esse tipo de homem tem o lado feminino aflorado. Aqui no Brasil não encaram tal fato como se o homem estivesse auxiliando, participando. Meu pai, por exemplo, que está com 82 anos. Ele sempre participou das tarefas domésticas, divididas com minha mãe. Ele sempre participou das tarefas domésticas, divididas com minha mãe. Ele trabalhava fora, mas fazia isso – e, de certa forma, ainda faz por uma questão de consideração, de delicadeza, de reconhecimento, pela mulher, enfim, por amor. Isso é cultura familiar.

S21 – Então, como resolver esse problema, como tornar o homem participativo?

Susan – Pela educação, pelo exemplo dentro da família. Porque, do contrário, teremos a continuidade do que está aí e o agravamento dos problemas familiares. Isso acontece especialmente nos casos em que a moça, que sai de uma família em que o pai ajuda a mãe, casa-se com um homem garanhão, macho, que saiu de uma família em que o pai não ajuda a mãe. Aí vai ocorrer um desajuste. Também ocorre nos casos em que a moça vem de uma família em que ninguém ajuda, e o rapaz também; aí fica todo mundo jogando a batata quente para o outro. Será pela educação, conforme os novos valores e as necessidades modernas, que se fará um reajustamento do papel do homem e da mulher.

S21 – Mais especificamente, o que se espera da família hoje?

Susan- Olha, estamos tendo todos esses problemas de violência, vícios, depressão; tudo isso ocorre, muitas vezes, pela ausência dos pais dentro da casa e pela carência de uma formação moral. A presença do pai e da mãe é importante qualitativamente, já que não é possível dar quantidade. Os pais que sabem estar despreparados, mas têm consciência da necessidade de se aperfeiçoarem, de se reciclarem, possuem alternativas como a Escola de Pais, podem buscar uma formação pessoal como a que oferecemos aqui no Susan Leibig Institute, enfim, precisam refletir sobre o seu papel.

O pai precisa ser um amigo dos filhos, pois se não houver essa proximidade dentro de casa, eles irão buscar essa convivência fora de casa.

S21 – Então, como vamos entrar no século XXI?

Susan – Na realidade estamos caminhando para uma outra divisão de tarefas. Existem pessoas que já se engajaram nisso, já estão praticando há muito tempo, pois vieram de sistemas familiares onde tradicionalmente isso acontecia; existem pessoas que estão refletindo sobre isso agora, estão no período de embate, de ajuste; existe um outro grupo de pessoas que ainda não entenderam esse conceito e se mantém na estrutura tradicional, em que a mulher fica em casa e o homem sai para trabalhar. Em suma, tanto a figura do pai, quanto a da mãe são muito importantes para os filhos, é preciso que a paternidade e a maternidade sejam responsáveis; é lógico, e desejável, que existia um casamento, porque isso estrutura melhor a cabeça da criança, com a noção de núcleo familiar; enfim, a criança vê que tem pai, tem mãe, todos com o mesmo sobrenome. Tanto o pai quanto a mãe precisam ter consciência de seu papel de formador para a vida, devem tutelar as experiências dos filhos sem privá-los delas ou impedi-los de vivenciarem o seu resultado. O pai principalmente, precisa ser um amigo dos filhos, pois se não houver essa proximidade dentro de casa, eles irão buscar essa convivência fora de casa.

S21 – O que você pode dizer aos pais do próximo século?

Susan – Digo que precisam cuidar muito bem dos filhos, pois eles são suas extensões. Os filhos são o currículo dos pais. Como vemos, o currículo dos pais é o resultado dos filhos. Os pais que quiserem ser um sucesso na vida devem cuidar do seu currículo, fazendo dos filhos um sucesso também, não só para que a linhagem familiar se perpetue, mas vá melhorando cada vez mais.

 (Eracelis Prado Azevedo)  

Fonte: Jornal Século 21; setembro de 1999; pg. 6-7

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